quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

As feridas do círculo familiar são as que mais demoram para sarar

As feridas do círculo familiar são as que mais demoram para sarar

Não podemos permitir que um passado familiar disfuncional e traumático afete o nosso presente e o nosso futuro. Devemos ser capazes de superá-lo e nos curarmos para sermos felizes.
As feridas geradas no círculo familiar causam traumas, carências profundas e vazios que nem sempre conseguimos reparar.O impacto decorrente de um pai ausente, uma mãe tóxica, uma  linguagem agressiva, gritos ou uma criação sem segurança e afeto trazem mais do que a clássica falta de autoestima ou os medos que é tão difícil superar.
Muitas vezes a dificuldade para resolver muitos destes impactos íntimos e privados está em um cérebro que foi ferido muito cedo.
Não podemos nos esquecer de que o estresse experimentado ao longo do tempo em idades jovens faz com que a arquitetura de nosso cérebro mude, e com que estruturas associadas às emoções sejam alteradas.
Tudo isso traz como consequência uma maior vulnerabilidade, um desamparo mais profundo que  leva a um risco maior na hora de sofrermos de determinados transtornos emocionais.
A família é nosso primeiro contato com o mundo social, e se este contexto não nutre nossas necessidades essenciais, o impacto pode  ser constante ao longo de nosso ciclo vital.
Vejamos a seguir, detalhadamente, por que é tão difícil superar estas feridas sofridas na época mais inicial de nossas vidas.
A cultura nos diz que a família é um pilar incondicional 
(embora, às vezes, erre).
O último cenário em que alguém pensa que vai ser ferido, traído, decepcionado ou até abandonado é, sem dúvida, no seio de sua família.
No entanto, isso ocorre com mais frequência do que imaginamos.
Estas figuras de referência que têm como obrigação dar-nos o melhor, oferecer confiança, ânimo, positividade, amor e segurança  às vezes falham voluntária ou involuntariamente.
Para uma criança, um adolescente e até para um adulto, experimentar  esta traição ou esta decepção no seio familiar supõe desenvolver um trauma para o qual nunca estamos preparados.
A traição ou a carência gerada na família é mais dolorosa do que a simples traição de um amigo ou companheiro de trabalho.
 É um atentado contra a nossa identidade e nossas raízes.
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A ferida de uma família é herdada por gerações
Uma família é mais do que uma árvore genealógica, um mesmo código genético, que ter os mesmos sobrenomes.
– As famílias compartilham histórias e legados emocionais. 
Muitas vezes estes passados traumáticos são herdados de geração  em geração  de muitas formas.

– A epigenética nos lembra, por exemplo, que tudo que acontece em nosso ambiente mais próximo deixa um impacto em nossos genes.– Assim, fatores como o medo, o estresse intenso ou os  traumas podem ser herdados entre pais e filhos.

– Isso faz com que, em alguns casos, sejamos mais ou menos suscetíveis a sofrer de depressão ou reagir com melhores ou piores  ferramentas diante de situações adversas.
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Ainda que estabeleçamos distância de nosso círculo familiar, as feridas seguem presentes.
Em um dado momento, finalmente tomamos coragem: dizemos “chega” e cortamos este vínculo prejudicial para estabelecer uma distância da família disfuncional e traumática.
No entanto, o simples fato de decidirmos dizer adeus a quem nos fez mal  não traz, por si só, a cura da ferida. É um princípio, mas não a solução definitiva.
Não é nada fácil deixar para trás uma história, dinâmicas, lembranças e vazios.
Muitas destas dimensões ficam presas à nossa personalidade, e inclusive em  nosso modo de nos relacionarmos com os demais.
As pessoas com um passado traumático costumam ser mais desconfiadas, mais dificuldade em manter relações sólidas.
Quem foi ferido precisa, além disso, se sentir reafirmado; anseia que os demais preencham estas carências, por isso muitas vezes se sentem  frustrados porque poucas pessoas lhes oferecem tudo de que precisam.
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Podemos chegar a questionar a nós mesmos
Este talvez seja o mais complexo e triste.
A pessoa que passou grande parte do seu ciclo vital em um lugar disfuncional ou no seio de uma família com estilo de criação negativo pode chegar a ver a si mesmo como alguém que não merece ser amado.
A educação recebida e o estilo de paternidade ou de maternidade em que  fomos criados define as raízes da nossa personalidade e nossa autoestima.
O impacto negativo destas marcas é muito intenso; assim, muitas vezes a pessoa pode ter dúvida sobre a sua própria eficácia, sua valia como pessoa  ou até se é digno ou não de cumprir seus sonhos.
Nosso círculo familiar pode nos dar asas ou pode arrancá-las. Isso é algo triste e devastador, mas verdadeiro.
No entanto, há algo de que nunca podemos nos esquecer: ninguém pode escolher quem serão seus pais, seus familiares, mas sempre chegará um momento em que teremos a capacidade e a obrigação de escolher como vai ser  nossa vida.
Escolher ser forte, ser feliz, livre e maduro emocionalmente é algo essencial,daí a necessidade de superar e curar nosso passado.

Fonte: 
http://www.contioutra.com