quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Pais Preguiçosos


Selma e Jorge estão casados há 10 anos e tem inúmeros problemas conjugais. Mas o maior problema deles é uma zona de conforto que só existe na mente deles. Eles discutem o tempo todo por dinheiro, lazer, televisão, política, educação dos filhos e seu próprio relacionamento.

Para justificar, para amigos e parentes, a sua falta de atitude diante das questões que os afligem, eles utilizam os filhos. Não separamos por causa dos filhos. Como se essa fosse à única solução possível.

A preguiça, inépcia, ou seja lá o que for, para investir no relacionamento conjugal e com os filhos fica escondida por trás de uma aparente ação humana. Proteger os filhos. Pesquisas demonstram os filhos que convivem nas mesmas casas com os pais e estes são emocionalmente ausentes, sofrem mais do que os órfãos.

Faz sentido. As ações diárias de convivência falam forte. É necessário abrir mão da televisão, internet, pós-graduação, mestrado e trabalho para sentar com mulher e filhos e travar conhecimento. O egoísmo, a preguiça e ausência de habilidade emocional são alguns estilos de vida dos pais que temos observado. Às vezes vejo isso em mim. É necessário estar vigilante e ser cuidadoso com as pessoas do convívio pessoal.

Carinho, amabilidade, olho no olho nas conversas, tom de voz, contato físico, atividades ao ar livre e tempo de qualidade são alguns itens que devem ser praticados com freqüência no trato familiar. A ausência destas atividades pode criar barreiras entre os membros da família que, com o tempo, podem se tornar intransponíveis.

Ou seja, pais preguiçosos também são hipócritas.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O Divórcio Não é uma Crise Temporária


Entre os chavões que mais detesto para justificar uma ação de ruptura como o divórcio é que vais passar, pois é uma crise temporária.

Não vai passar.

A autora de Best Sellers Judith Wallerstein estudou crianças cujos pais se separaram na década de 70 e concluiu que as conseqüências do divórcio se estendem por décadas na pessoa dos filhos e em seus relacionamentos.

Os pais justificam para si mesmos que os filhos os perdoarão e que farão tudo para minimizar as conseqüências do divórcio em suas vidas.

Entretanto, a infância é duramente afetada, segundo estudos, nas áreas financeira, emocional, sexual e espiritual do futuro adulto. Ou seja, erros dos pais, conseqüências nos filhos.

Já tenho visto um movimento, tímido, mas existe, de pessoas que perceberam que dá trabalho se divorciar e que é melhor resolver o problema. As pontas soltas em um divórcio são inúmeras.

Do ponto de vista econômico, os filhos vêem seu conforto e condições de alimentação e segurança decaírem. O pai contrai uma dívida em longo prazo, que persiste quando casa novamente. Se casar novamente, a nova família passa a ter como sócios os membros da família anterior. Essa sociedade é injusta para todos.

Além disso, os pais podem cair no lugar comum de usarem os filhos como instrumento de dor contra o outro, síndrome chamada de “Alienação Parental”, ou mesmo em outra chamada ”Síndrome da compensação”, a vida de todos vira um inferno. Se os envolvidos não forem maduros, novos divórcios se formam, homens deixam seus lares por não aguentarem a pressão.

Interessante que ao acompanhar alguns casais desde a sua formação vejo que tudo o que fazem é criar desculpas para conseguir o que querem.

Quando os pais aconselhavam a não casar, havia mil motivos, ele é bonito, charmoso, atencioso, inteligente, trabalhador, tem situação estável, etc...

Para separar ele é chato, não trabalha, nem se importa comigo, é estúpido, não cuida do corpo, etc...
Percebi então que é tudo um viés. Pessoas mimadas, acostumadas a ter tudo sem se importar com as conseqüências de suas decisões nas vidas dos outros. Da desonra contra os pais, até os problemas emocionais nos filhos, nada disso importa. Apenas seus desejos. Dizem que: O que importa é ser feliz!

Nem que se seja sobre os escombros das vidas de outros.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Pais Ameaçadores


Nestes dias em que a violência tomou conta das telas de cinema, os jornais e a internet, não temos poucos lugares seguros, quietos e pacíficos para nos abrigar sem sermos tomados de assalto por cenas, sons e apelos violentos.

Um desses lugares seguros é o nosso lar. É onde todos deveríamos nos sentir bem, confortáveis e com estabilidade. Onde o diálogo tem contornos de oração. Onde os abraços são ternos e os olhares acolhedores. Onde todas as opiniões e as expressões são recebidas e discutidas com amabilidade. É um lugar de refúgio.

O pai ameaçador subverte essa  lógica. Ele consegue transformar o mundo em um lugar inóspito, pois não há para onde fugir.

A principal característica desse tipo de genitor é impaciência em tempos de crise. Qualquer desvio nos rumos normais de seu dia transforma seu tom de voz, sua expressão corporal e seu olhar em diferentes tons de raiva. Ele deixa claro, fisicamente que se as coisas não estão bem, e que ficarão piores.

Em dias e situações normais seu humor é tranqüilo e pode ser inclusive ser caracterizado por ser uma pessoa calma. Mas então qual é o diferencial desse pai ou mãe? A ameaça.

As situações ou expressões mais usadas são: se você não se comportar vou te bater! Ou, se você não se comportar vou te mandar embora de casa! Ou ainda, você deve se comportar senão... Ou seja, toda ação fora do padrão tem uma conseqüência extrema para a criança ou jovem. Não faz diferença para a criança a ameaça física ou não. A violência verbal também é nociva e não deixa marcas visíveis que podem ser tratadas imediatamente.

O resultado das ameaças pode enquadrar a criança em um comportamento esperado, mas é externo, apenas para satisfazer os pais. Internamente, ela não tem consciência da necessidade moral ou mesmo intelectual para manter um determinado comportamento. O medo é a motivação de suas ações. Sem o medo tudo pode ser feito.

Além disso, a comunicação entre pais e filhos fica prejudicada. Os filhos não se sentem confortáveis e tem receio de repartir suas experiências, erros e acertos com quem continuamente os ameaça nos momentos de falha ou vacilo.

Outro efeito colateral é que o jovem passa a querer se livrar dessa situação. A falta de comunicação, afeto e o medo instigam o jovem a sair de casa. Quando a situação é desesperadora, a saída pode ser um casamento, um emprego, ou mesmo fuga clandestina de casa.

A saída disso é criar um ambiente seguro para que a criança ou jovem tenham espaço para se manifestar, compartilhar suas idéias sem medo de ameaças, sejam elas físicas ou verbais. O tom de voz dos participantes da comunicação não deve se alterar. Os olhares mesmo se houver reprovação de uma idéia e / ou comportamento devem ser de aceitação. O confronto deve se manter no campo das idéias. Porque não fazemos assim? Por que manter um alto nível de comunicação e discussão dá trabalho.

Pais preguiçosos querem chegar a casa e ver TV ou ir para internet.

As punições devem ser aplicadas sem ameaça prévia. Ou seja, se saiu da linha o pai deve avaliar a melhor punição sem afetação, com calma e com planejamento. A punição não deve ser uma frase impensada resultado de um momento de raiva. A criança ou adolescente carrega um fardo pesado pelo tempo viver perto dos pais. O medo constante de falhar de não se encaixar.

Além disso, as punições ou frases dos pais não devem ser de ruptura de relacionamento, como mandar o jovem embora, nunca mais falar com ele ou ameaça de perda de estima ou amor. Cessar a comunicação e o relacionamento é o fracasso total das relações familiares. A comunicação e o relacionamento devem ser mantidos, cuidados e tratados com esforço e carinho.

Dá trabalho. Mas o resultado são filhos seguros de si, amáveis, respeitosos, educados e acima de tudo que estimam e amam seus pais.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Pai Ausente



Pais ausentes dificultam o desenvolvimento normal de uma criança.

Essa afirmação é pautada em estudos freqüentes realizados em diversos centros de pesquisa e universidades, em todos os níveis sociais, econômicos e religiosos. Foram feitas pesquisas em todos os continentes e consideradas as condições culturais de cada povo.

É como se a atuação do pai fornecesse partes de um lego que monta a personalidade e o caráter de um individuo. A sua ausência seja de tempo ou de falta de relacionamento parece dificultar a montagem desse lego. As conseqüências para o novo ser são terríveis e criam barreiras intransponíveis se não houver auxilio.

Filhos de pais ausentes têm maior envolvimento com delinquência juvenil, associado a abuso de drogas, vadiagem, roubo e bebida. Esses aspectos são maximizados se o pai é ausente na vida escolar do filho, a partir da sexta e sétimas séries.

A distância do entre o pai e o filho aumenta a possibilidade de uso de maconha e a percepção do filho em ser apanhado em delitos maiores. Ou seja, ter um pai por perto que tenha influencia positiva impede o engajamento do jovem em múltiplos delitos que seriam seus primeiros problemas com a sociedade.

O pai ausente – medido pela freqüência de contato e qualidade do relacionamento – é relacionado com filhos com maior disposição a sintomas de dissimulação, comportamento anti-social, depressão, tristeza, e mentira (Flouri & Buchanan, 2002a; King & Sobolewski, 2006; Mosley & Thompson, 1995).

Pais ausentes geram mais filhos com problemas de conduta, bullying, hiperatividade, vitimização, dificuldade de se socializar na vida escolar e problemas associados a notas. Esses filhos têm 80% mais chance de ir para a prisão. Além disso, duas vezes mais chance de atividade sexual precoce e sete vezes mais chance de gravidez precoce.

A vida escolar dessas crianças é pautada por problemas de atenção, desobediência, repetência e tem menor chance de chegar a estudos superiores. Além disso, possuem mais chance de cometerem crimes na escola como possuir, usar ou distribuir drogas ou álcool, usar armas de fogo, cometer violência contra professores, administradores ou outros estudantes.

Os pais ausentes são psicologicamente imaturos, menos satisfeitos com suas próprias vidas, são psicologicamente aflitos, não se compreendem e não compreendem os outros. Além disso, não se envolvem com a comunidade ou serviços sociais. Tendem a ter menos satisfação no trabalho e relacionamentos profissionais.

Existem evidências que sugerem que pais envolvidos com os filhos tem estabilidade e satisfação marital na meia-idade. São mais felizes mesmo 20 anos depois do nascimento do primeiro filho.

Filhos que tem pais envolvidos se tornam bons maridos, trabalhadores e excelentes cidadãos na meia idade (Snarey, 1993;Townsend, 2002).

Ser um pai ausente tem conseqüências. A sua proximidade com seus filhos pode determinar destinos na prisão, nas drogas ou pessoas extremamente felizes.

Uma mulher deve consistentemente observar o pai de um pretendente, pois pode ter uma visão de como será sua possível vida de casada e de como seus filhos serão tratados.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Pai Presente

A observação das famílias que travamos experiências nos cursos que ministramos nos dá uma visão privilegiada a respeito de causas e conseqüências dos maiores problemas que afetam os lares. Essa visão por vezes carece de evidências técnico - cientificas.

Estudando esses assuntos coletei alguns estudos e trabalhos acadêmicos que confirmam minhas observações e conclusões sobre a ausência do pai em um lar.

Presença pode ser medida pelo montante de interação, vários níveis de brincadeiras e cuidados com ensino pessoal, atividades físicas, emocionais e espirituais. Comparados com a comunicação exercida pelas mães, a troca de informações realizada pelos pais, requer que a criança assuma mais responsabilidades na interação. Isso encoraja as crianças a falar mais, a usar um vocabulário mais diversificado e declarações mais longas com seus pais (Rowe, Cocker, & Pan, 2004).

Filhos que tem seus pais envolvidos, nas atividades escolares, têm melhores médias, lêem melhor e são bem conceituados entre seus professores, gostam de ir e se manter na escola e não possuem problemas com suspensão, expulsão ou repetência (Astone & McLanahan, 1991; Brown & Rife, 1991; Mosley & Thompson, 1995; National Center for Education Statistics, 1997; Nord & West, 2001; William, 1997). Além disso, buscam escolas mais conceituadas e difíceis de entrar, bem como entendem que a educação tem um caráter importante em suas vidas (Astone &McLanahan, 1991; Blanchard & Biller, 1971; Cooksey & Fondell, 1996; Feldman & Wentzel, 1990; Gadsen & Ray, 2003; Goldstein, 1982; Gottfried, Gottfried, & Bathurst, 1988; Howard, Lefever, Borkowski, & Whitman, 2006; McBride et al., 2005; McBride, Schoppe-Sullivan, & 2005; National Center for Education Statistics, 1997; Shinn, 1978; Snarey 1993; Wentzel & Feldman, 1993).

Crianças de pais envolvidos têm predisposição a ter relacionamentos positivos com seus pares, serem populares e queridos. Suas relações com outras crianças são menos negativas, com menos agressão, menos conflito, maior reciprocidade, mais generosidade e maiores qualidades de amizade. Resolvem a maioria de seus problemas com outras crianças sem buscar a intervenção de seus pais.

Na sua adolescência e juventude, são sociáveis entre si e com adultos, têm redes sociais mais consistentes e duradouras, casamentos felizes, são satisfeitos com seus pares românticos na meia idade. Apresentam mais segurança em suas interações românticas, bem como parcerias saudáveis com seus cônjuges (Grossmann, Grossmann, Winter, & Zimmerman, 2002).

Pais afetuosos e presentes influenciam significantemente a maturidade moral de seus filhos, no que diz respeito a questões sociais, comportamento moral, julgamento moral pessoal, valores morais e conformidade com leis e regulamentos (Hoffman 1971; Speicher-Dublin, 1982).

Adolescentes que se identificam fortemente com seus pais têm 80% menos chances de serem presos, 75% de serem pais não casados e atividade sexual e gravidez precoce.

Pais presentes formam homens fiéis a suas esposas e um ciclo virtuoso de novos pais presentes!