Nestes dias em que a violência
tomou conta das telas de cinema, os jornais e a internet, não temos poucos
lugares seguros, quietos e pacíficos para nos abrigar sem sermos tomados de
assalto por cenas, sons e apelos violentos.
Um desses lugares seguros é o
nosso lar. É onde todos deveríamos nos sentir bem, confortáveis e com
estabilidade. Onde o diálogo tem contornos de oração. Onde os abraços são
ternos e os olhares acolhedores. Onde todas as opiniões e as expressões são
recebidas e discutidas com amabilidade. É um lugar de refúgio.
O pai ameaçador subverte essa lógica. Ele consegue transformar o mundo em um lugar inóspito, pois não há para
onde fugir.
A principal característica desse
tipo de genitor é impaciência em tempos de crise. Qualquer desvio nos rumos
normais de seu dia transforma seu tom de voz, sua expressão corporal e seu
olhar em diferentes tons de raiva. Ele deixa claro, fisicamente que se as
coisas não estão bem, e que ficarão piores.
Em dias e situações normais seu
humor é tranqüilo e pode ser inclusive ser caracterizado por ser uma pessoa
calma. Mas então qual é o diferencial desse pai ou mãe? A ameaça.
As situações ou expressões mais
usadas são: se você não se comportar vou te bater! Ou, se você não se comportar
vou te mandar embora de casa! Ou ainda, você deve se comportar senão... Ou
seja, toda ação fora do padrão tem uma conseqüência extrema para a criança ou
jovem. Não faz diferença para a criança a ameaça física ou não. A violência
verbal também é nociva e não deixa marcas visíveis que podem ser tratadas
imediatamente.
O resultado das ameaças pode
enquadrar a criança em um comportamento esperado, mas é externo, apenas para
satisfazer os pais. Internamente, ela não tem consciência da necessidade moral
ou mesmo intelectual para manter um determinado comportamento. O medo é a
motivação de suas ações. Sem o medo tudo pode ser feito.
Além disso, a comunicação entre
pais e filhos fica prejudicada. Os filhos não se sentem confortáveis e tem
receio de repartir suas experiências, erros e acertos com quem continuamente os
ameaça nos momentos de falha ou vacilo.
Outro efeito colateral é que o
jovem passa a querer se livrar dessa situação. A falta de comunicação, afeto e
o medo instigam o jovem a sair de casa. Quando a situação é desesperadora, a
saída pode ser um casamento, um emprego, ou mesmo fuga clandestina de casa.
A saída disso é criar um ambiente
seguro para que a criança ou jovem tenham espaço para se manifestar,
compartilhar suas idéias sem medo de ameaças, sejam elas físicas ou verbais. O
tom de voz dos participantes da comunicação não deve se alterar. Os olhares
mesmo se houver reprovação de uma idéia e / ou comportamento devem ser de
aceitação. O confronto deve se manter no campo das idéias. Porque não fazemos
assim? Por que manter um alto nível de comunicação e discussão dá trabalho.
Pais preguiçosos querem chegar a
casa e ver TV ou ir para internet.
As punições devem ser aplicadas
sem ameaça prévia. Ou seja, se saiu da linha o pai deve avaliar a melhor
punição sem afetação, com calma e com planejamento. A punição não deve ser uma
frase impensada resultado de um momento de raiva. A criança ou adolescente
carrega um fardo pesado pelo tempo viver perto dos pais. O medo constante de
falhar de não se encaixar.
Além disso, as punições ou frases
dos pais não devem ser de ruptura de relacionamento, como mandar o jovem
embora, nunca mais falar com ele ou ameaça de perda de estima ou amor. Cessar a
comunicação e o relacionamento é o fracasso total das relações familiares. A
comunicação e o relacionamento devem ser mantidos, cuidados e tratados com
esforço e carinho.
Dá trabalho. Mas o resultado são
filhos seguros de si, amáveis, respeitosos, educados e acima de tudo que
estimam e amam seus pais.