quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Pais Ameaçadores


Nestes dias em que a violência tomou conta das telas de cinema, os jornais e a internet, não temos poucos lugares seguros, quietos e pacíficos para nos abrigar sem sermos tomados de assalto por cenas, sons e apelos violentos.

Um desses lugares seguros é o nosso lar. É onde todos deveríamos nos sentir bem, confortáveis e com estabilidade. Onde o diálogo tem contornos de oração. Onde os abraços são ternos e os olhares acolhedores. Onde todas as opiniões e as expressões são recebidas e discutidas com amabilidade. É um lugar de refúgio.

O pai ameaçador subverte essa  lógica. Ele consegue transformar o mundo em um lugar inóspito, pois não há para onde fugir.

A principal característica desse tipo de genitor é impaciência em tempos de crise. Qualquer desvio nos rumos normais de seu dia transforma seu tom de voz, sua expressão corporal e seu olhar em diferentes tons de raiva. Ele deixa claro, fisicamente que se as coisas não estão bem, e que ficarão piores.

Em dias e situações normais seu humor é tranqüilo e pode ser inclusive ser caracterizado por ser uma pessoa calma. Mas então qual é o diferencial desse pai ou mãe? A ameaça.

As situações ou expressões mais usadas são: se você não se comportar vou te bater! Ou, se você não se comportar vou te mandar embora de casa! Ou ainda, você deve se comportar senão... Ou seja, toda ação fora do padrão tem uma conseqüência extrema para a criança ou jovem. Não faz diferença para a criança a ameaça física ou não. A violência verbal também é nociva e não deixa marcas visíveis que podem ser tratadas imediatamente.

O resultado das ameaças pode enquadrar a criança em um comportamento esperado, mas é externo, apenas para satisfazer os pais. Internamente, ela não tem consciência da necessidade moral ou mesmo intelectual para manter um determinado comportamento. O medo é a motivação de suas ações. Sem o medo tudo pode ser feito.

Além disso, a comunicação entre pais e filhos fica prejudicada. Os filhos não se sentem confortáveis e tem receio de repartir suas experiências, erros e acertos com quem continuamente os ameaça nos momentos de falha ou vacilo.

Outro efeito colateral é que o jovem passa a querer se livrar dessa situação. A falta de comunicação, afeto e o medo instigam o jovem a sair de casa. Quando a situação é desesperadora, a saída pode ser um casamento, um emprego, ou mesmo fuga clandestina de casa.

A saída disso é criar um ambiente seguro para que a criança ou jovem tenham espaço para se manifestar, compartilhar suas idéias sem medo de ameaças, sejam elas físicas ou verbais. O tom de voz dos participantes da comunicação não deve se alterar. Os olhares mesmo se houver reprovação de uma idéia e / ou comportamento devem ser de aceitação. O confronto deve se manter no campo das idéias. Porque não fazemos assim? Por que manter um alto nível de comunicação e discussão dá trabalho.

Pais preguiçosos querem chegar a casa e ver TV ou ir para internet.

As punições devem ser aplicadas sem ameaça prévia. Ou seja, se saiu da linha o pai deve avaliar a melhor punição sem afetação, com calma e com planejamento. A punição não deve ser uma frase impensada resultado de um momento de raiva. A criança ou adolescente carrega um fardo pesado pelo tempo viver perto dos pais. O medo constante de falhar de não se encaixar.

Além disso, as punições ou frases dos pais não devem ser de ruptura de relacionamento, como mandar o jovem embora, nunca mais falar com ele ou ameaça de perda de estima ou amor. Cessar a comunicação e o relacionamento é o fracasso total das relações familiares. A comunicação e o relacionamento devem ser mantidos, cuidados e tratados com esforço e carinho.

Dá trabalho. Mas o resultado são filhos seguros de si, amáveis, respeitosos, educados e acima de tudo que estimam e amam seus pais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário