sábado, 10 de fevereiro de 2024

Luto - Mãe que se foi

 Ontem, prestei homenagem à minha mãe. Não há dor maior do que essa. Subestimei o poder da ausência, da perda e da morte. Fui arrogante. Ninguém está preparado para enfrentar o caixão da própria mãe. As lágrimas fluíram incontrolavelmente. Tantas palavras não ditas, memórias compartilhadas, expressões únicas – tudo se foi com ela. Lembro-me de como ela costumava dizer “porque eu sou criança”, de como virava a cabeça de forma engraçada fingindo surpresa, me pegava no colo e desencravava minha barba e de como retirava bicho e pé e espinhos, quando eu era criança. Agora, tudo isso é parte do passado, levado com ela.

Minha mãezinha estava geladinha, serena, quieta. Do mesmo jeitinho que sempre me lembrava dela. Os olhos verdes agora adornam outra pessoa. Seus rins dão sobrevida a alguém.

A maior tolice foi presumir que ela estaria sempre disponível, ao alcance, por toda a minha vida. Eu estava longe quando tudo aconteceu, visitando meu pai. A sensação é como a de um cobertor curto: cuidamos de um lado e o outro se vai. A dificuldade para dormir é real, e o esquecimento é impossível. A dor no corpo e no peito é profunda, quase insuportável. Houve momentos em que pensei que iria enfartar. Era um dia quente de fevereiro, e a imagem do caixão entrando no crematório permanece como minha última visão dela. Doloroso demais.

Poucos amigos estavam presentes, o local era distante e a tarde de sexta-feira parecia interminável. Lidei com sentimentos contraditórios e dispersos, mergulhando em reflexões incessantes. Até mesmo ouvir seus últimos áudios é doloroso demais, uma lembrança viva da sua voz que agora se calou.

Estou confuso, perdido, mas sei que preciso compartilhar essa experiência. Vou publicar essas palavras no meu blog, na esperança de que outros possam encontrar conforto ou compreensão nas minhas palavras. Afinal, a dor da perda é universal, e cada um de nós enfrenta o luto à sua maneira. 🌹


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