quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Família Mosaico - Cadê meu Pai? – Síndrome dos dois reinos - parte II


Contexto

Fomos chamados para auxiliar um casal que passava por uma crise conjugal. O casal, de São José dos Pinhais, brigava incessantemente e apresentava como causa o comportamento do filho adolescente. O filho insistentemente desobedecia ao padrasto e a mãe. A cada visita a casa de seu pai biológico voltava pior.

Na casa do pai o filho era doutrinado a não receber ordens ou ensinamentos do padrasto. O pai não acompanha as atividades escolares ou pessoais do filho. Resultado: bebidas, cigarro, internet até altas horas, quarto bagunçado.

A mãe por outro lado, desonrava o pai do menino em cada oportunidade que tinha. As brigas por telefone ou pessoalmente eram seguidas por acusações a respeito do comportamento do adolescente.

No dia das mães, embora a mãe estivesse presente na cerimônia do colégio, foi a madrasta que recebeu as homenagens do enteado. Resultado: um princípio de confusão entre os dois casais. O relacionamento entre mãe e filho nunca mais foi o mesmo.

O colégio não realiza mais dia das mães ou dos pais, pois outros fatos da mesma espécie já haviam ocorrido. O nome do evento passou a ser “Dia da Família”, o que em minha opinião, vilipendia os relacionamentos familiares e evita o conflito e o tratamento das famílias. Em Brasília, a mesma medida é tomada por outros colégios.

Situação

Os pais não agem como uma autoridade. O ensino de boas maneiras, moral e ética nunca existiu. O filho é usado como instrumento para se ferirem mutuamente.

Emocionalmente abandonado, se sente usado e não possui instrumentos morais e emocionais para sair dessa situação.

Ele precisa de um pai. Fica uma pergunta que o jovem nem mesmo sabe formular. Cadê meu pai? Cadê o meu ponto de apoio emocional? Onde está o meu confidente? O meu professor, abençoador, amigo, provedor. Quem vai me punir, me proteger? Quem vai me abraçar e orar comigo?

O sofrimento do filho é ignorado. Os pais vivem suas vidas, namoram, casam, viajam, mudam de casa e o filho tem que se virar com seus sentimentos e frustrações decorrentes das decisões dos pais.

Conseqüências

Grupos sociais formados por jovens, darks, punks, emos, entre outros, tem em sua estrutura o que falta para o adolescente ou jovem dentro da família. Regras, padrões, liderança e a aceitação. Ali ele se encaixa. Ele vai fazer tudo para ficar com esse grupo. Se encaixar. Mesmo que para isso precise fazer tatuagens, fumar, beber, se vestir de preto, rosa, o que for. Mas o que vai trazer mais frustração para os pais é que vai recusar fortemente os grupos sociais aos quais os pais pertencem.

Tivemos relatos de jovens que fizeram tentativas de suicídio que os pais nem souberam. Estudos mostram que a cada tentativa de suicídio, fica mais próxima morte do suicida. É um sofrimento silencioso, doloroso. Os pais pensam apenas em si mesmos. Os filhos sofrem.

Solução

Ademar e Lúcia tiveram uma separação litigiosa e cercada de acusações e brigas. Os filhos pequenos passaram a apresentar quadros de obesidade e hiperatividade. Entre o período de diagnóstico e os novos casamentos fizeram um acordo de manter as mesmas rotinas nas duas casas, entre outros itens que vou elencar abaixo:

1 – rotinas e regras iguais nas duas casas;
2 – tempo de qualidade com os filhos;
3 – os pais quando se encontrarem devem ser cordatos;
4 – os assuntos polêmicos devem ser discutidos em locais diversos dos lares;
5 – os pais devem se preparar, com cursos e livros a respeito de educação de filhos;
6 – em caso de novos casamentos, a comunicação deve ser feita entre os homens e ser periódica;
7 – a punição é aplicada pela autoridade presente;
8 – tempo de ensino, leitura, abraço, apoio, oração, entre outros deve existir nas duas casas.

A situação é delicada. Apesar de existirem dois reinos, os pais precisam proteger os filhos para minimizar os danos gerados pelo divórcio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário