sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O Fenômeno da Janela Aberta

Quando os filhos chegam do colégio a casa, os pais, em uma tentativa de demonstrar interesse, puxar papo, sei lá, perguntam: Como foi a aula?

Nesse nível, comunicação pode se tornar superficial se o pai realmente não tem interesse em saber da vida do filho. Pesquisas de universidades canadenses e americanas sobre o impacto das interações entre pais e filhos destacam que a ausência de interações de qualidade e tempo são extremamente maléficas para os filhos. Dificultam o aprendizado, interações sociais e desenvolvimento sexual, apenas para citar alguns.

Nos trabalhos, Black, Sandra E., Paul J. Devereux, and Kjell G. Salvanes (2005b), “Why the Apple Doesn’t  Fall Far:  Understanding Intergenerational Transmission of Human Capital.” American 
Economic Review, Vol. 95(1), 437-49 e Bratberg, Espen, Oivind Anti Nilsen, and Kjell Vaage, “Intergenerational Earnings Mobility in Norway:  Levels and Trends.”  Scandinavian Journal of Economics 107(3), 419- 435, 2005 fica claro o papel da paternidade no desenvolvimento das futuras gerações. Quando falo isso estou claramente me referindo a três ou quatro gerações e os trabalhos apontam nessa direção.

As pesquisas apontam que a comunicação efetiva e de qualidade entre pais e filhos não ultrapassa 5 minutos diários. 

Essa comunicação pressupõem contato visual, físico, emocional e atividades em que há trocas de impressões entre ambos. Em resumo, não basta estar no mesmo ambiente, buscar e levar no colégio. É necessário contato de olhar, preparação para ensino e tempo para ensino. Outras pesquisas apontam que os pais americanos estão abrindo mão de suas atividades pessoais para cuidar dos filhos com efetividade.

Mas o que é o fenômeno da janela aberta título deste texto? É um momento em que o filho convida o pai para o seu muito particular, um mundo que poucas pessoas conhecem e que só podem entrar os convidados. Como funciona isso? São momentos em que os filhos se dirigem aos pais e expõem seus sentimentos. 

- Papai, você me acha bonita?
- Mamãe, hoje sonhei com você!
- Papai, escute, aprendi a tocar flauta!

São momentos que a troca deve ser aproveitada. Aceite o convite. Olhe nos olhos dos seus filhos e aproveitem a estadia.

- Você nem se arrumou hoje, como pode estar bonita...vá incomodar sua mãe!
- Do jeito que você se comporta foi um pesadelo!
- Tocar flauta não vai sustentar você! saia daqui! Procure outra coisa para fazer!

Essas são respostas reais que encontramos, só para citar algumas, na vida das famílias que lidamos. Isso foi contado por homens e mulheres adultos em seus relacionamentos com seus pais. Até hoje sangra em seus corações o tratamento dispensado pelos pais.

Quanto mais o pai aproveita os convites mais eles surgem e a comunicação aumenta em qualidade e tempo. Do contrário, a tendência é que o futuro jovem se feche em seu quarto, em seus pensamentos e seu seu fone de ouvido. Pois quem não é ouvido não quer ouvir.


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